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Cinegrafista perde parte da orelha e entra em coma após protesto no Rio

Cinegrafista foi ferido na cabeça por um artefato explosivo e perdeu parte da orelha - Kátia Carvalho / Parceira / Agência O Globo
Cinegrafista foi ferido na cabeça por um artefato explosivo e perdeu parte da orelha Imagem: Kátia Carvalho / Parceira / Agência O Globo

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

06/02/2014 21h51Atualizada em 07/02/2014 09h04

O cinegrafista da “Band” que foi atingido por um artefato explosivo enquanto filmava o protesto contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro na noite desta quinta-feira (6) está em coma, segundo informou a Secretaria Municipal de Saúde. Ele foi internado no Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro, onde foi submetido a cirurgia. A vítima perdeu parte da orelha e teve um afundamento de crânio. Outras seis pessoas ficaram feridas no episódio, e 28 manifestantes acabaram presos.

ENTENDA O BLACK BLOC

O "black bloc" ("bloco negro") não é um grupo específico de manifestantes, mas sim uma forma violenta de agir adotada por manifestantes que se dizem anarquistas.

A tática "black bloc" consiste em "causar danos materiais às instituições opressivas". Na prática: depredar estabelecimentos privados --agências bancárias entre eles-- e pichar paredes.

A emissora comunicou que espera no hospital, junto à família, os resultados da cirurgia. Ele foi atingido pelo artefato na Central do Brasil, durante um confronto entre policiais militares e manifestantes, socorrido e levado para a unidade de saúde por PMs do Batalhão de Choque. Não se sabe quem lançou o artefato que atingiu o profissional.

Confusão

A confusão teve início quando alguns policiais tentaram retirar os manifestantes que pulavam as catracas do local com golpes de cassetetes. Eles revidaram jogando pedras, e começou o confronto. Um repórter do UOL foi agredido enquanto estava parado no local. Quando os PMs se aproximaram, ele levantou as mãos e se identificou como jornalista, mas mesmo assim foi atingido com dois golpes nas pernas. Um repórter da "GloboNews" e fotógrafos de agências de notícias também relataram agressões policiais.

Procurada, a Polícia Militar afirmou ainda não ter posicionamento sobre os fatos referentes ao protesto. Os policiais destacados para o protesto atuaram sem identificação. A corporação também não soube explicar se houve uma orientação específica a esse respeito.

O confronto assustou os comerciantes locais, que fecharam as portas. A Polícia Militar usou bombas de efeito moral dentro da estação para conter o protesto. Com a confusão, muitas pessoas passaram mal e desmaiaram no local. Seis foram internadas com ferimentos, nenhuma em estado grave. O grupo de 28 manifestantes presos foi colocado em um micro-ônibus da PM e levado para a 19ª Delegacia de Polícia.

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Abraji repudia agressão

A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) divulgou nota de repúdio à violência contra o cinegrafista. “Se faz necessária uma apuração célere do ocorrido para que procedimentos sejam revistos e para que o Estado proteja a liberdade de expressão, a liberdade de informação e o jornalista”, diz o texto.

A associação registrou que é o terceiro caso de agressão a jornalistas em 2014. Em 2013, 114 profissionais da área foram feridos em todo o país enquanto cobriam protestos, diz a Abraji.

Aumento das tarifas motivam protestos

O valor da passagem vai subir de R$ 2,75 para R$ 3 a partir de sábado (8). O aumento das tarifas foi o mote dos protestos de junho do ano passado, que contagiaram o país com esta e outras demandas. Naquele momento, Rio e São Paulo voltaram atrás e reduziram os valores das passagens.

(Com Agência Brasil)